terça-feira, 21 de agosto de 2012

A cruz pesada


Há muitos e muitos anos, um homem partiu em direção a Jerusalém, carregando uma cruz grande e pesada. Ela media três metros de comprimento por dois de envergadura. Enquanto carregava a cruz, lembrava-se do sofrimento de Jesus, e imaginava a dor que Ele havia sentido quando foi pregado nela.

Assim, o homem seguia compenetrado em sua resolução e, passo a passo, lentamente carregava a cruz cuja ponta inferior se arrastava pelo chão, fazendo um risco na terra. Depois de muitas horas de caminhada, o homem avistou um morro. Esgotado como estava, teve dúvidas se conseguiria vencer aquela subida acentuada.

Enquanto meditava na dificuldade à sua frente, alguém que passava sugeriu que cortasse um pedaço da cruz, tornando-a mais leve. 
— É uma boa ideia! Diminuindo um pouco a carga terei mais condições de subir a montanha. Assim, tirou um pedaço da cruz, que se tornou bem mais leve, e continuou sua caminhada.

Quem já esteve em Jerusalém sabe que para se chegar lá é preciso subir muitas montanhas.  A cidade do rei Davi, também chamada na Bíblia de "umbigo do mundo", fica no topo de uma montanha e é cercada por muitas outras. Trata-se portanto de um terreno difícil, em ambiente arenoso, seco, muito quente durante o dia e muito frio à noite.

A cada subida que encontrava no caminho ele cortava um pedaço da cruz.
Assim, com o decorrer da jornada, a cruz pesada foi ficando cada vez mais leve, e ao invés da caminhada lenta do início, o homem já podia andar a passo acelerado e ia cantarolando descontraidamente. Tudo parecia ir muito bem até que surgiu em seu caminho um rio caudaloso, cujas águas desciam volumosas do alto da montanha para banhar os vales.

A ponte sobre o rio estava partida, faltando-lhe exatamente um trecho de quase três metros no vão central. Diante daquele obstáculo, o peregrino fez a seguinte oração: Senhor, Tu sabes que meu maior desejo é chegar a Jerusalém. Venho de longe e agora que me aproximo de realizar meu sonho, não sei como poderei fazer para, sem arriscar a vida, chegar ao outro lado do rio.
Vês, Senhor, que a ponte está rompida e não tenho como atravessá-la.

Então uma voz do céu respondeu: Meu filho, para transpor este obstáculo com segurança, basta usares a cruz que eu lhe dei!
Muito triste, o homem constatou que a cruz, agora, depois de tantos pedaços cortados, havia se tornado pequena demais e não vencia o vão que ele precisava transpor. A cruz do início, com seus três metros, tinha exatamente à medida que ele precisava para transpor a ponte quebrada.

Na vida, cada um de nós carrega a cruz necessária a nos preparar para vencer os obstáculos que surgem durante a jornada. Não é maior nem menor: ela é exata! 

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